Nos últimos tempos é possível notar algumas iniciativas para reduzir aquela “obrigação” de escolher uma graduação no ensino médio, mas no auge dos meus 17 anos esse movimento não existia, então, assim como muitos, tive que tomar uma das decisões mais importantes da vida: qual carreira seguir.
Eu já tinha um curso de HTML, CSS e sabia um pouco sobre Photoshop e Fireworks, só que eu gostava muito mais de mexer nos códigos, tanto que tive inúmeros blogs e sites na adolescência. Além disso, existiam diversas notícias com uma promessa de salários de dezenas de milhares, então foi natural escolher a área da programação.
Mas por que eu não segui na área de programação e fui parar no marketing?
Linguagens de programação
Não me leve a mal, eu sempre gostei de programar, gosto até hoje, mas tive muitas dificuldades para aprender 5 linguagens na graduação. Afinal, eu só sabia uma linguagem de marcação e estilizava algumas coisas.
JavaScript não é fácil, mas até estava dentro do ambiente que eu já conhecia, mas que aprender Java, JSP, C#, .NET e banco de dados não foi uma tarefa fácil.
Para qualquer pessoa que for entrar na área, recomendo MUITO que domine bem a lógica de programação e algoritmos, pois ela é a base de tudo que envolve softwares. Alguns sites e ferramentas como Scratch, Hour of Code e PORTUGOL podem salvar sua pele.
Essa dificuldade foi agravada pelo segundo ponto: a prática.
Programar é como aprender um novo idioma
Assim como aprender uma nova língua, programar exige prática diária ou pelo menos frequente. Na época eu era bolsista com 50% de desconto e a outra metade eu teria que pagar por conta própria, já que nasci e cresci na periferia. Só que aí em fator bizarro, a exigência de experiência para estágio.
Tentei estagiar dentro de empresas e agências de diversos portes e não consegui porque não tinha nenhuma experiência como programador, nem mesmo meus blogs conseguiram garantir algo. Como eu já tinha estagiado dos meus 16 aos 17 anos na área administrativa, recebi uma proposta para trabalhar em período integral dentro de um escritório, então tive que aceitar para poder pagar a faculdade.
Foi uma experiência muito boa e foi uma das coisas que me definiram o profissional que sou hoje, além de ter me ajudado nessa parte financeira. No entanto, eu passava 4h do dia em transporte público, 9h no trabalho e mais 3h dentro da faculdade, ou seja, me “sobravam” 8h para comer, dormir e estudar.
Essa falta de prática foi uma das coisas que mais pesou durante toda a graduação, principalmente porque é preciso sentar em frente ao computador e praticar para entender e testar ferramentas. Por isso digo que o estágio é uma etapa muito importante do aprendizado, só assim é possível assimilar muitas coisas teóricas abordadas em sala de aula.
Mercado de trabalho de TI
Em 2013 já existiam diversas matérias prometendo salários astronômicos e infinitas vagas de emprego na área, hoje em dia essas notícias estão ainda mais exageradas.
Aqui alguns destaques que encontrei nos últimos tempos:
Não caia na mesma falácia que muitas pessoas estão caindo, essas promessas de vagas infinitas e salários astronômicos dão a entender que tudo é fácil e maravilhoso, mas não é bem assim que as coisas funcionam.
Qual o salário real de um programador?
É claro que a remuneração varia de acordo com a empresa, conhecimento do profissional, linguagem que trabalha e valor entregue, mas com uma pesquisa básica é possível ver o salário médio e as exigências.
Usando dados dos sites Vagas, Glassdoor e Catho, a média salarial de um programador Java é de R$ 4.357, enquanto um programador PHP ganha R$ 3.008 e um desenvolvedor front-end recebe em média R$ 3178.
Quais são as exigências?
É muito comum encontrar vagas com salário júnior exigindo conhecimento a nível de pleno ou até mesmo sênior, por isso é importante analisar se o salário ofertado é realmente compatível com o que pedem.
Fiz uma pesquisa rápida nos sites de vagas e criei uma base com os requisitos que mais se repetem.
Para programador Java, as exigências mais comuns são:
- Angular;
- Docker;
- Kubernetes;
- Microsserviços;
- SAP;
- SQL.
Enquanto para programador em PHP, as exigências normalmente são essas:
- HTML;
- CSS;
- Javascript;
- jQuery;
- Git;
- Laravel;
- SQL.
Por último, o desenvolvedor front-end precisa saber:
- Angular
- Git
- React
- jQuery
- Pré-processadores.
Só com essas duas informações já dá para ver que as exigências são muitas e o salário médio não é tão grande quanto prometem, por isso também é normal enxergar uma certa rotatividade na área.
O programador entra ganhando pouco e com pouca experiência, aprende os requisitos acima, procura vagas, troca de emprego, aprende mais coisas, procura vagas e troca de emprego, etc.
Empresas que estão contratando no Brasil
Nos exemplos acima só usei algumas linguagens específicas, mas com nível de conhecimento certo, é possível se candidatar a diversas vagas em tecnologia.
Entre as empresas que estão contratando para a área, destaco a Oi, Samsung, Porto, Nubank, Banrisul, Mercado Livre, C6 Bank e Ambev.
Fontes: IG, Terra, Seu dinheiro.
Mercado internacional
Se tratando de mercado internacional, Canadá e Irlanda são alguns dos países que mais aceitam brasileiros, então utilizei ambos como referência para fazer a pesquisa.
Vale lembrar que além das linguagens de programação e do idioma, muitas vezes são necessárias algumas certificações como a da Oracle ou Microsoft.
Algumas empresas que estão contratando: Amazon, UPS, IBM, Xero e Canada Drives.
Fontes: Daily Hive e Linkedin.
Enfim o porquê de não seguir com a carreira
Todo esse cenário exposto neste artigo foi levantado com pesquisas simples e pode ser replicado por qualquer pessoa, é uma realidade bem próxima da que encontrei quando realmente tentei entrar na área.
Existe muito espaço para crescimento? Sim, é uma das áreas que mais crescem em todo o mundo. É fácil de crescer? Normalmente não, por isso a rotatividade é alta. Paga bem? Depende do nível de conhecimento, por isso é importante continuar estudando e gostar muito de programar.
E por que fui parar no marketing? Simples, é a uma área mais abrangente onde posso continuar programando, mas também escrever, montar estratégias e outras ações.
O mercado de marketing não paga mais e nem mesmo oferece mais oportunidades, é apenas uma questão de oportunidade e escolha.
Espero que esse texto esclareça alguma dúvida e que sirva para desmentir todas as promessas que não existem.
Nos vemos no próximo artigo!